
Em Teilhard de Chardin
temos o finalismo evolucionista levado às suas últimas consequências. O célebre
jesuíta acaba misturando a mística poética da missa a céu aberto ao amanhecer,
no deserto de Gobi, com o positivismo algo marxista do Café de Flore, no
boulevard Saint-Michel ao anoitecer. Teilhard está em postura de conflito
lógico e disciplinar com os pressupostos da biologia e da paleontologia
evolucionista quando, numa verdadeira e não mui ortodoxa teologia, transforma
todo o processo evolutivo em expressão exata dos seis dias da Criação pelo
divino escultor in excelsis. A introdução de Deus como o próprio autor do "plano
geral" de evolução pode causar certa perplexidade, mormente aos
angustiados com a teodicéia. Mas, para um partidário otimista da ordem e do
progresso, o que vale então o espetáculo inenarrável de dor, violência,
tortura, morte e louco esbanjamento que representou a natureza, durante os tais
bilhões de anos de evolução - desde a bactéria original no oceano primevo até o
plasmódio malarento, o treponema sifilítico, o vírus aidético, a serpente
venenosa, o sapo peçonhento, a barata imunda, o tubarão assassino e o tigre
devorador? Para que tanto sofrimento? É o que não podemos deixar de perguntar:
foi mesmo nosso Pai todo-poderoso e misericordioso quem concebeu esse horroroso
método? (“Polemos”, Penna. Editora da UnB)
Não há nenhuma questão de evolução aí. A resposta para a pergunta é: o Papai Noel não existe, agora cresça e pare de acreditar nessas bobagens.
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